quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Solidão na Terceira Idade



VELHO
(Mafalda Veiga)

Parado e atento à raiva do silêncio
de um relógio partido e gasto pelo tempo
estava um velho sentado no banco de um jardim
a recordar fragmentos do passado

na telefonia tocava uma velha canção
e um jovem cantor falava da solidão
que sabes tu do canto de estar só assim
só e abandonado como o velho do jardim?

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um velho sentado num jardim

passam os dias e sentes que és um perdedor
já não consegues saber o que tem ou não valor
o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
pra dares lugar a outro no teu banco do jardim

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um resto de tudo o que existiu
quando forem como tu
um velho sentado num jardim

2 comentários:

Anónimo disse...

É das coisas que mais me custa, a solidão dos idosos... há uns meses atrás escrevi exactamente sobre isso... sobre os nossos "velhos" e como a sua vivência é de isolamento, sem alguém que possa fazer a diferença nas suas vidas. Sem alguém que lhes dê uma só palavra de carinho, de apoio, de amizade, sem alguém que esteja apenas ali... presente... nem que seja por um instante...

É pena que esta seja a dura realidade, e não é só em Portugal. É um pouco por todo o lado... Talvez possamos contribuir para diminuir as estatísticas nem que seja fazendo a diferença, por um dia que seja, por um momento que seja, na vida de um idoso.

Beijinhos :)

Summer ;)

Maria da Luz disse...

Penso que a solidão está na ordem do dia, tanto nos idosos como nos mais jovens, pois muitas vezes está-se só com muita gente á volta
São coisas que dão para reflectir...
- Quem fala dessa solidão? Quem a consegue entender?
Jovens só,idosos sós crianças sós..
Mas já que estamos a reflectir neles, eles estão já menos sós.
As palavras são como as sementes multiplicam-se.
Semeia e eu colherei...