domingo, 11 de fevereiro de 2007

Abandonados nas urgências


O abandono e falta de apoio a idosos está a crescer. Os casos que chegam às urgências multiplicam-se e lançam o alerta para um Portugal velho, isolado e só. Também nos centros urbanos. Pais, mães ou avós são «largados» nos hospitais à espera que alguém os venha buscar. E quem sabe, dar os cuidados de que precisam.
O apoio social é cada vez mais uma valência que as urgências dos hospitais têm de ter. Um doente não tem apenas um problema de saúde, tem também o problema de alta clínica. Para onde ir quando as famílias não têm como receber e tratar os familiares? Ficar no hospital à espera de encaminhamento para lares é uma das respostas, mas não a melhor.
No ano passado e apenas no hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, foram registados 300 casos de «utentes isolados», isto é, sem família referenciada. «São sozinhos e não têm a quem recorrer», explicou ao PortugalDiário Cláudia Simões, assistente social do serviço de urgência. A estes juntam-se cerca de 500 doentes que ou, têm família mas não têm apoio, ou não têm recursos económicos para subsistir sozinhos. O Presidente da Comissão Executiva do hospital, Rui Raposo, explicou, no âmbito das II Jornadas do Serviço Social, que «anualmente são pagos mais de 200 mil euros em lares e camas sociais externas ao hospital para suprir a necessidade de encaminhamento de pessoas idosas que, com alta clínica, não têm onde ficar após o período de internamento».
«Nunca até hoje qualquer organismo se mostrou disponível para nos ressarcir dessa verba mas, com uma média diária de 13 doentes a necessitar de apoio social, a única alternativa que temos para lhes garantir um pós-internamento em segurança é continuarmos a assumir aquele encargo», acrescentou.
«Eu não tenho que tratar do meu pai»
O director da Urgência Geral do Amadora-Sintra, Luís Cuña, explicou o que se passa entre pais e filhos. «Ouve-se filhos a dizer: «eu não tenho que cuidar do meu pai». A ideia que ainda subsiste é que o Estado tem a obrigação de responder à carência do idoso provocada pela nova doença. Empurra-se para o hospital, para os serviços sociais, para o Estado. No entanto, em muitos casos as melhores soluções estão na família».
Os parentes são os primeiros que podem ajudar mas nem sempre há condições. «Há muitas carências. Os familiares têm empregos que não podem largar, muitos trabalham por turnos e não têm dinheiro para medicamentos e lares», esclareceu Cláudia Simões.
Por vezes existe apoio familiar mas acaba por ser ineficaz. «As casas não têm condições e pôr o pai a dormir no sofá não corresponde aos cuidados necessários. Um idoso de 80 anos a morar num 4º andar sem elevador terá sempre uma alta complicada. É preciso por as pessoas a falar sobre o assunto e pressionar as famílias», explicou o director da Urgência.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Sexo: saiba quem são as europeias mais activas


As italianas são as mulheres europeias mais activas sexualmente, revela um estudo coordenado pela Sociedade Europeia de Contracepção, divulgado pela agência Ansa.
Segundo o estudo 59 por cento das italianas têm mais de uma relação sexual por semana, a média mais alta da Europa. Depois vêm as checas (com 57 por cento registando uma ou mais relações sexuais por semana), seguem-se as russas com 56 por cento, as francesas com 55 por cento e as espanholas com 54 por cento. As austríacas ficaram em último, com uma média de 38 por cento.
Mas a pesquisa revela que, apesar da intensa actividade sexual, as italianas prestam pouca atenção aos métodos contraceptivos. A pílula é o método mais utilizado, mas as italianas são as europeias que menos a utilizam. 29 por cento opta por este método contraceptivo, sendo que a média na União Europeia é de 34%. O estudo foi apresentado em Berlim, na sede da farmacêutica Bayer Shering, que lançou uma nova pílula anticoncepcional com menor quantidade de estrogénio e com benefícios para as mulheres graças a uma nova hormona.
Entre as italianas, «surgem agora dúvidas sobre os métodos de contracepção além do tradicional coito interrompido e o preservativo, porque as mulheres têm muitas dúvidas sobre os efeitos das hormonas e são muito exigentes ao escolher um tipo de contracepção por via oral», disse a responsável pelo departamento de endocrinologia ginecológica e controle da fertilidade do hospital da Universidade de Pisa, Franca Fruzzetti.
Um dado alarmante é que a nível europeu uma grande quantidade de mulheres não usa qualquer método contraceptivo para evitar a gravidez indesejada. 30 por cento não usam preservativo em relações sexuais e só 20 por cento consultaram um ginecologista sobre prevenção e contracepção desde o início da actividade sexual.
E se, em média, as europeias têm o primeiro contacto com contraceptivos aos 18 anos (16 anos na Alemanha e países escandinavos), em Itália e Espanha, isso acontece apenas aos 20 anos.
O estudo diz ainda que os homens são geralmente responsáveis pela escolha do método contraceptivo das parceiras. Em média, 75 por cento têm um papel decisivo na escolha, sendo 89 por cento na Áustria e 67 por cento em França.
O estudo sobre o comportamento sexual das mulheres europeias foi realizado pela empresa «Yasminelle», que entrevistou 11,5 mil mulheres entre 15 e 49 anos de 14 países.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Afinal...quando começa a vida humana?



A conferência sobre «Quando começa a vida» terminou este sábado, em Lisboa, sem consenso quanto à resposta à pergunta e com o bastonár io da Ordem dos Médicos a garantir ser dever destes profissionais «proteger a vida», noticia a agência Lusa.
«Os médicos continuam a defender a vida desde o seu início», afirmou o Bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Pedro Nunes, no encerramento do encontro de dois dias, afirmando que essa definição de início da vida depende da «convicção individual» de cada médico.
Desde sexta-feira, os médicos foram convidados pela Ordem a responder «à pergunta difícil» que é saber quando começa a vida, uma discussão que o bastonário definiu como «uma grande lição de ética».
As posições dividiram-se no painel da tarde, como já acontecera na sexta-feira.
No debate, o médico Gentil Martins defendeu que há vida desde o momento da concepção, da «fusão de cromossomas do óvulo da mãe com o espermatozóide do pai».
Outros médicos, como Ana Aroso, confessaram as suas dúvidas sobre o momento em que é possível determinar o início de uma vida humana.
Houve até um psicólogo, Francisco Vilhena, a dizer que «a vida começa com o desejo de ser pai e ser mãe» e a concluir que «a vida está nos nossos corações».
Apesar de não se tratar de conclusões formais - a Ordem dos Médicos não tomou qualquer posição quer sobre o tema da conferência quer sobre o referendo de 11 de Fevereiro - dois médicos foram convidados a dar a sua «leitura» sobre os dois dias de trabalhos.
António Sarmento, médico do Hospital de São João e presidente da Associação dos Médicos Católicos, sublinhou a posição «mais ou menos consensual» de que «a vida é um continuo» e alertou para os riscos para a saúde psíquica da mulher que pratica o aborto.
Para Rosalvo Almeida, médico neurofisiologista do Porto, haverá sempre «gravidezes indesejadas e indesejáveis», que podem ser «evitadas» numa altura em que «um pequeno grupo de células vivas ainda não é um verdadeiro ser vivo».




quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

«Como foste capaz de me matar?»

A campanha pela liberalização do Aborto anda nas ruas. Uns agitam bandeiras a favor do «sim». Outros defendem argumentos pelo «não». Cada um tem o direito de defender a sua posição. Mas penso que há limites. Usar crianças como transportadores de informação pelo «não» é na minha modesta opinião vergonhoso.

Assim vai a campanha...

Travões precisam-se...

Aqui deixo a notícia.




Foram as crianças que levaram os folhetos aos pais. Na passada sexta-feira, os meninos do Jardim de infância Aquário, em Setúbal, chegaram a casa com uma «Carta à minha mãe» dentro das mochilas. O destinatário era a mãe e o pai, lá em casa, já que as crianças ainda estão em idade pré-escolar.
O objectivo do folheto é claro: fazer campanha pelo «não» ao referendo do próximo dia 11 de Fevereiro. A carta, onde uma criança, que não chegou a nascer, escreve à mãe acusando-a de o «matar» circula já por vários colégios das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social).
«Mãe, como foste capaz de me matar?» e «Como consentiste que me cortassem aos bocados, me atirassem para um balde? (...) Por acaso pensavas comprar uma máquina de lavar ou um aspirador, com os gastos que talvez eu te iria causar?», são algumas das frases que se podem ler neste texto intitulado «Carta à minha Mãe».
Questionado pelo PortugalDiário, o responsável pelo colégio Aquário, o padre Manuel Vieira do Centro Paroquial Nossa Senhora da Anunciada, afirmou que «as circulares chegaram até à paróquia» e foram «distribuídas pelos colégios e pelas crianças». Para o padre Vieira, não há dúvidas que «a obrigação da Igreja é informar» e é esse o único intuito dos folhetos, garante. Contudo, não foi possível apurar qual a origem dos folhetos. «Chegaram cá e nós fizemos publicidade», explicou.
«Cada um é livre de optar, mas a obrigação da Igreja é informar», reitera o pároco, acrescentando que foi «dentro desse espírito» que enviou as circulares às crianças, que tem sob a sua direcção cerca de 750 crianças, em cinco colégios. Um dos pais que recebeu esta «Carta à minha mãe», indignado com o teor do documento, enviou-a para o blogue Kontratempos. Tiago Barbosa Ribeiro, sociólogo, e o autor deste espaço, deu destaque à missiva e acabou por postá-la no Sim no Referendo, um blogue criado há duas semanas e que irá acabar no dia 11. «O blogue reúne um conjunto improvável de pessoas, da direita à esquerda, que têm um consenso fundamental sobre o referendo».
O sociólogo de 24 anos postou a carta e desde aí recebeu já comentários de outros pais, noutros colégios, que receberam - através dos filhos - uma carta igual. «O blogue é um espaço abrangente e é um contributo importante» para a campanha, garante Tiago Barbosa Ribeiro, que é ainda um dos elementos do movimento «Jovens pelo Sim».
Para Barbosa Ribeiro, a carta «aponta para a falta de decência de algumas acções no não», «de uma campanha suja que está no terreno, longe das câmaras de televisão e dos destaques dos jornais». Contudo, Nuno Godinho de Matos, da Comissão Nacional de Eleições, considera que a atitude não constitui um «ilícito», apesar de ser feita propaganda através de crianças.
O PortugalDiário tentou falar com o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, mas até ao momento tal não foi possível. Contudo, o PD sabe que no caso de IPSS, o papel do Estado termina no financiamento das instituições, não podendo imiscuir-se nas opções da direcção, a não ser que os estatutos prevejam que a instituição é apartidária. Neste caso, é a Igreja Católica quem dirige a instituição. Também as direcções de cada IPSS gozam de autonomia. Questionado o Ministério da Educação, não foi possível obter uma reacção oficial a este caso.